O Propósito do Nosso Louvor

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Por: Anísio Renato de Andrade

O poder do louvor esta condicionado, entre outros fatores, ao propósito que temos ao realiza-lo Para quem é o nosso louvor? Para quê entoamos nossos cânticos? A pratica religiosa esta sempre envolvida pelo risco de se tornar pecaminosa e profana. Isto acontece porque a motivação e o propósito podem estar contaminados ou desviados do seu legitimo alvo.

O profeta Zacarias escreveu a respeito de alguns sacerdotes que sempre jejuavam no quinto e sétimo meses do ano, e isto foi feito durante setenta anos. O Senhor lhes questionou: “Acaso foi mesmo pra mim que jejuastes?…” “Ou quando comeis e quando bebeis, não é para vós mesmos que comeis e bebeis?” – Zc 7.5-6, tal pergunta partindo da boca de Deus é capaz de ferir como espada.

Contudo, o Senhor estava apensas mostrando a verdade a respeito de uma religiosidade inútil. Aqueles sacerdotes estavam jejuando para si mesmos e isto não tinha nenhum valor. Semelhantemente, os fariseus do Novo Testamento, oravam, jejuavam e davam esmolas com o propósito de serem vistos e glorificados pelos homens. Tais ações religiosas não tinham nenhum poder espiritual e seu único efeito era a “boa” impressão que causavam nas outras pessoas (Mt 6.1-5, 16-18).

Isto nos faz questionar todos os nossos atos relacionados a Deus. São mesmos feitos para Ele? Ou estamos preocupados em agradar ao publico? Estamos buscando nosso próprio prazer? Será que o nosso interesse esta no deleite que a musica proporciona ao corpo e a alma? Se for assim, nosso propósito esta totalmente errado.

É verdade que algumas musicas tem mensagens que se destinam aos participantes da reunião. São canções evangelísticas ou didáticas feitas para alcançar o público. Isto é correto e necessário. Contudo, precisamos estar conscientes de que o propósito do nosso louvor deve ser agradar o coração de Deus.

O publico esta em segundo lugar. Se pudermos agrada-los enquanto louvamos ao senhor, ótimo, mas não deve ser esta a nossa preocupação e prioridade, pensando que uma coisa vem em acompanhada da outra.

Muitas pessoas se dedicam ao louvor com o propósito de buscarem gloria para si mesmas. Ocorre o mesmo fenômeno na musica popular, onde a “gloria” alcançada pelos cantores é tanta, que eles são chamados de “ídolos”. E mesmo quando o cantor evangélico não esta buscando tal glória, ela lhe é oferecida constantemente.

É preciso então um cuidado extremo, pois estamos diante do risco da idolatria. Isto ocorre quando o homem é adorado no lugar de Deus. É incrível imaginarmos que isso pode acontecer em cultos cristãos? Mas não foi isso mesmo que aconteceu no céu, quando Lúcifer, que participava do louvor ao Senhor, desejou a glória para si mesmo? (Is 14.12-15; Ez 28.13). O apostolo Paulo advertiu a Timóteo, mostrando que os que trabalham na obra do Senhor correm o risco de cair na mesma condenação do diabo: (Não “moleque”, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.) *Grifo meu, I Tm 3.6.
Deus não a Sua glória nem a divide com ninguém (Is 42.8). Vemos então que o assunto, alem de serio é muito grave.

No livro de Atos, temos o exemplo do rei Herodes, que, ao ser louvado pela multidão, não deu glórias a Deus. Tomou para si toda a honra e por isso foi devorado por vermes (At 12.23). Nabucodonozor, por motivo semelhante, foi humilhado e passo a pastar com os animais (Dn 4.25).

Oremos por aqueles que estão em lugar de destaque na igreja do Senhor Jesus. Não sejamos seus “adoradores”, pois, alem de pecarmos contra o Senhor, estaremos colocando em risco o ministério e a vida dos nossos irmãos.

Outra ameaça que ronda o ministério de Louvor é o interesse financeiro. Nossa relação com o dinheiro é sempre necessária mas também perigosa. É como a relação com o fogo. Ele faz parte da nossa vida, mas pode nos levar à morte.
A obra do Senhor precisa de recursos e isso faz com que o dinheiro seja elemento presente e importante. O problema acontece quando o dinheiro passa a ser o objetivo da obra. Se vamos realizar o louvor com o objetivo de lucro, estamos errados. O obreiro é digno do seu salário, mas a obra não deve ser feita visando o salário. E sempre que a remuneração puder ser renunciada, melhor para a obra e para a gloria de Deus.

O comercio das gravações evangélicas alcançou uma expressividade de interesse secular nos dias de hoje. O dinheiro que vem daí pode ser usado para missões e setores diversos da obra de Deus e isto pode ser maravilhoso. O comercio não é, em si mesmo algo errado, mas traz consigo uma série de riscos, pois também representa ameaça ao legitimo propósito do louvor. Aquele que grava apenas para obtenção de lucro pessoal (não se iludam esta lotado de pessoas que se dizem cristãos assim), esta desvirtuando o objetivo do louvor.

Nesta questão, a diferença entre o certo e o errado é muito tênue e de difícil percepção.

Cada ministro deve julgar a si mesmo nesses assuntos. Desejo que aqueles que louvam não o façam por vanglória ou por cobiça. O pecado não deve serve como motivação contrita de louvor. Seria um grande paradoxo!

“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória